Vacina de Oxford contra Covid-19 induz resposta imunológica em adultos de todas as idades

O estudo contou com um grupo de controle, ou seja, um conjunto de participantes que recebeu uma vacina sem efeitos contra a Covid-19, para que pudesse haver comparação com os [...]

Vacina de Oxford contra Covid-19 induz resposta imunológica em adultos de todas as idades

O estudo contou com um grupo de controle, ou seja, um conjunto de participantes que recebeu uma vacina sem efeitos contra a Covid-19, para que pudesse haver comparação com os resultados da vacina em teste. A escolha dos participantes que tomaram a imunização testada foi aleatória. Os voluntários também foram subdivididos em grupos que receberam uma ou duas doses da vacina com um intervalo de 28 dias entre as aplicações.

Os pesquisadores relatam no artigo que anticorpos neutralizantes do vírus foram encontrados em 99% dos pacientes de todas as idades em 28 dias após a dose de reforço. Os anticorpos neutralizantes conseguem se ligar à coroa em forma de espinhos que reveste o vírus e impede que ele se ligue e inicie a infecção nas células humanas.

Segundo os cientistas, houve um pico na quantidade de células T (ou linfócitos T) no 14º dia após a aplicação da primeira dose. Essas células têm um papel importante na defesa contra a doença, pois conseguem destruir as células infectadas e evitar assim que o vírus se espalhe ainda mais.

A eficácia da vacina para proteger contra a Covid-19, porém, só deve ser divulgada após a finalização dos testes de fase 3. Nesse tipo de estudo, uma parte dos participantes recebe a imunização e outra recebe um placebo (substância sem efeito). Os participantes são acompanhados por meses e devem fazer visitas periódicas ao centro de vacinação para coleta de resultados. Essa é a fase mais demorada dos testes de uma vacina porque é necessário esperar para verificar se a imunização evitou o surgimento da doença.

De acordo com o artigo publicado nesta quinta-feira, a vacina gerou menos reações adversas nos voluntários mais velhos do que nos mais jovens, mostrando-se segura para todas as faixas etárias contempladas no estudo. As reações mais comuns à aplicação da substância foram dor no local da vacinação, febre e dor de cabeça, todas de intensidade leve ou moderada. Nenhuma reação grave relacionada à imunização foi registrada, diz o texto.

A vacina de Oxford é testada em voluntários brasileiros em um estudo de fase 3 sob a coordenação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O governo federal tem um acordo para distribuir a imunização usando a estrutura da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) caso ela seja aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O acordo inclui a compra de 100 milhões de doses pelo Ministério da Saúde.

A imunização, batizada de ChAdOx1 nCoV-19, usa a técnica de vetor viral para gerar imunidade. Ela contém um tipo de vírus (adenovírus) que não causa doença em humanos, mas carrega o material genético do Sars-Cov-2. Quando o corpo reconhece o intruso, passa a produzir resposta imunológica contra o patógeno.

Na quarta-feira (18), a Pfizer, que tem sede nos Estados Unidos, anunciou que a vacina contra a Covid-19 que desenvolve em parceria com a empresa alemã BioNTech tem eficácia de 95%, de acordo com resultados de um teste de fase 3.

Nas últimas semanas, a empresa norte-americana de biotecnologia Moderna e os pesquisadores responsáveis pela Sputnik V, a vacina desenvolvida na Rússia, divulgaram que suas imunizações em teste apresentaram eficácia superior a 90%. Na prática, isso pode significar que 9 em cada 10 pessoas que receberem a vacina ficarão protegidas contra o Sars-Cov-2.

No entanto, nenhuma dessas vacinas teve seus dados de fase 3 publicados por revistas científicas até o momento. Via de regra, a comunidade científica internacional aceita os resultados após uma publicação do tipo, pois permite que os dados sejam revisados e contestados por outros pesquisadores especialistas no assunto.
Pfizer, Moderna e o grupo responsável pela Sputnik V se comprometeram a publicar os resultados em revistas científicas.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) mais de 200 vacinas estão em testes no mundo todo -48 delas já estavam em uma das fases de testes clínicos até o dia 12 de novembro, última atualização da agência disponível.