A coleta de recicláveis pela Comcap aumentou 13% em 2019, em contraste com a coleta convencional (rejeito) que estacionou em zero por cento, interrompendo a tendência de alta entre 3% e 6% das últimas décadas. "Os dados demonstram que o cidadão tem participado do esforço Floripa Lixo Zero 2030 proposto pela Prefeitura de Florianópolis", aponta o presidente da Autarquia de Melhoramentos da Capital Comcap, Márcio Alves. Os ganhos com a coleta seletiva já somam R$ 8 milhões ao ano entre o que a Prefeitura de Florianópolis deixa de gastar com aterro sanitário e a renda proporcionada para 11 associações de triadores da Grande Florianópolis.
Durante o ano passado, a cidade separou 2 mil toneladas a mais em papel, plástico, metal, vidro e orgânicos compostáveis para os roteiros de coleta seletiva ou para os pontos de entrega voluntária (PEVs) e Ecopontos da Comcap.
A coleta seletiva da Comcap movimentou 17.554 toneladas de resíduos em 2019. Em 2018, foram 15.489 toneladas. "Mais importante é que esse aumento na seletiva ocorreu ao mesmo tempo em que a convencional estacionou. Significa que o usuário do sistema atendeu ao apelo para separar mais e melhor", festeja o presidente.
Economia circular e agricultura urbana
Ao mudar o destino dos resíduos do lixo para a reciclagem, o cidadão promove a economia circular, com ganhos ambientais e sociais, e reduz custos públicos com aterro sanitário. Os recicláveis secos são doados às associações de triadores e por elas reinseridos na indústria. Os resíduos orgânicos compostados servem para ajardinamento e hortas urbanas.
O material encaminhado para reciclagem permite ganhos sociais da ordem de R$ 8 milhões ao ano se for somado o que a Prefeitura de Florianópolis deixa de gastar com o transporte até o aterro e o valor revertido pelas associações ao comercializar o material para a indústria. Foram 12.929 toneladas de recicláveis secos doadas para associações de triadores que deixaram de custar R$ 2 milhões de aterro (R$ 161 a tonelada) e promoveram receitas de R$ 4,9 milhões na venda para a indústria (em média R$ 381 a tonelada triada e comercializada pela ACMR).
Os resíduos orgânicos que, por terem sido separados pela população deixaram de ir para aterro sanitário, permitiram economia de R$ 655 mil em redução de custos públicos e geraram ao mínimo R$ 448 mil em valor, levando em consideração o preço público da Comcap para cepilho ou composto que é de R$ 0,11 o quilo. O cepilho e o composto da Comcap têm sido doados ações de agricultura urbana.
Foco no vidro e no orgânico
O aumento da seletiva, explica Márcio Alves, decorre do foco da Comcap em investir na coleta de vidro, por meio de pontos de entrega voluntária (PEVs), e na coleta de orgânicos. A coleta exclusiva de vidro por entrega voluntária aumentou 19% e a compostagem de orgânicos aumentou 135% em 2019. Foram processadas 1,4 mil toneladas de restos de alimentos no Centro de Valorização de Resíduos da Comcap no Itacorubi, em parceria com Associação Orgânica, e trituradas 2,6 mil toneladas de podas.
Este ano, cerca de R$ 8 milhões serão investidos na implantação e ampliação destas duas modalidades. Já estão em licitação equipamentos para instalar 50 novos PEVs de Vidro, praticamente triplicando a rede existente, e para mais dois Ecopontos, além dos cinco atuais. Para que Florianópolis saia da frente das capitais brasileiras, em 2020, será implantada a coleta seletiva de verdes (podas) nos domicílios e a coleta de orgânicos (restos de alimentos) por pontos e em grandes geradores como condomínios residenciais e instituições como o Cepon, onde está sendo feita experiência piloto.
Também estão sendo adquiridos cinco caminhões compactadores com câmbio automático para a coleta seletiva. "A ideia é implantar novas modalidades de seletiva e agilizar a que é feita de porta em porta. Com os novos compactadores, entraremos em ruas onde não conseguimos hoje e faremos menos viagens com mais peso, melhorando também a pegada de carbono da coleta seletiva da Comcap", indica Márcio Alves.
Alta da seletiva também no verão
A tendência de alta da seletiva foi verificada inclusive na temporada. Entre os dias 15 de dezembro e 15 de janeiro de 2020, a seletiva teve uma variação 22% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Chegando ao recorde histórico de recolher 100 toneladas de materiais recicláveis num único dia, na quarta, 8 de janeiro. A marca anterior era de 75 toneladas/dia.