O que eu vi na audiência do plano diretor do distrito dos Ingleses

Moacir Oliveira é editor do Portal Norte da Ilha

Foto: Portal Norte da Ilha

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Cerca de 250 pessoas participaram da audiência pública do Plano Diretor realizada no distrito dos Ingleses realizada na noite desta quarta-feira (20).

Considerando uma população estimada em 80 mil moradores, o número ficou um pouco abaixo do esperado. A audiência gerou manifestações, de maneira geral, contundentes e provocativas sobre a minuta do plano diretor que trata do adensamento.

O distrito dos Ingleses será um dos maiores impactados com a mudança no plano diretor de Florianópolis com ampliação de cerca de 30% de verticalização, ou seja construções que recebiam autorizações de verticalização máxima de até quatro andares com a aprovação poderão solicitar para até seis andares em ruas mapeadas e aprovadas por técnicos (basicamente as principais artérias de mobilidade do bairro), nas servidões não haverá alterações.

Mais 60 pessoas se inscreveram para uso da palavra. A grande maioria se mostrou contrária a proposta da minuta e pediram discussão mais ampla e com maior prazo para definição.

Topázio

O prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, lembrou que o atual Plano Diretor, de quase dez anos atrás, não reflete mais a cidade que temos hoje, com novos desafios e necessidades. "Nada melhor que ouvir quem vive o dia a dia de cada distrito para promover na revisão as mudanças necessárias", disse.

Ponto para o Santinho

Moradores do Santinho mostraram força comunitária e grande união ao repudiar de maneira categórica contrariedade a proposta do adensamento. Criticaram a falta de infraestrutura no bairro, o não tratamento de esgoto, a falta de fiscalização das construções irregulares e a ausência de um posto de saúde no bairro. Temem ainda o impacto na mobilidade do bairro que já é precária.

Vereadores acuados

Dois vereadores do bairro que estavam na mesa de autoridades tiveram que engolir calados as críticas ácidas de insatisfação dos moradores. Esperavam o que, confetes?

O que acho

O fato é que as audiências estão acontecendo a contra-gosto do município, foram uma imposição da justiça. Cabe a administração municipal aprender a lição e não apenas fazer de conta que está discutindo com a comunidade. É premente ouvir e responder de forma concreta aos anseios de quem vive a realidade do bairro. Chega de omissão e de falta de ação que resultaram em um distrito construído sem qualquer planejamento.

A população também precisa ser mais ativa e participativa e não delegar ao outro a sua responsabilidade de morador.

Moacir Oliveira é editor chefe do maior Portal de Notícias do Norte da Ilha