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Em Florianópolis, um deslizamento de terra na principal rodovia de acesso à região Norte da Ilha dividiu a cidade ao meio. Foi há quatorze anos em um domingo, 23 de novembro de 2008. A SC-401 foi interditada nos dois sentidos por causa de um grande deslizamento de terra ocorrido no morro de Cacupé. Um caminhão foi soterrado no deslizamento e omotorista - Ricardo Dias de Oliveira, de 34 anos, natural de Carazinho (RS) - morreu no local.
Geólogos do governo avaliaram que a liberação da pista envolveria o deslocamento de 10 mil metros cúbicos de terra, trabalho que levaria cerca de 20 dias.
Na época, a SC-401 tinha um fluxo médio diário de 40 mil veículos, e com a interdição cerca de 150 mil moradores da região Norte tiveram que buscar caminhos alternativos para chegar ao centro. O trânsito local foi desviado pelo antigo caminho dos Açores, no bairro de Santo Antônio de Lisboa, com precárias condições de escoamento de veículos. A única rota alternativa para o Norte da Ilha era a rodovia SC-406, de pista simples, que liga a parte Leste ao Norte através do distrito de São João do Rio Vermelho.
Um relatório técnico da Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram) — ligado à Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) — apontou a atuação do homem, somada a diversos fatores naturais, como as causas do deslizamento de uma encosta da rodovia SC-401, em Florianópolis, durante a forte chuva que atingiu a cidade em novembro.
O trabalho foi elaborado pelo mestre em geologia, Lucas Balsini Garcindo. O deslizamento causou a morte do caminhoneiro Ricardo Dias de Oliveira.
Segundo o levantamento do pesquisador, o corte feito na base do morro para a construção da rodovia retirou boa parte do ponto de sustentação da encosta. Sem nenhuma obra de contenção, essa encosta ficou mais suscetível a desabamentos.
A essa alteração feita pelo homem, somaram-se os fatores naturais que resultaram no deslizamento: chuvas intensas com aumento de pressão da água no lençol freático, acentuada declividade da encosta e as características do solo e das rochas.
Rachaduras
O estudo constatou ainda a existência de rachaduras e fissuras no morro exposto pelo deslizamento, o que indica risco de queda de blocos rochosos e mais deslizamentos. De acordo com Garcindo, a movimentação de blocos de terra nos morros de Florianópolis é um fenômeno natural, inerente à dinâmica da paisagem. O excesso de chuvas foi o estopim.
Na avaliação do local, o geólogo percebeu que alguns blocos e rochas foram escorregados da encosta inteiros, sem rolarem, já que ainda apresentavam vegetação de bromélia na superfície após o deslizamento.
O pesquisador explica que o maior vilão não foi o deslizamento em si, mas sim o fluxo de lama que veio o seguida. Essa lama desce com com capacidade para carregar tudo o que encontra pelo caminho, inclusive rochas, árvores e até construções.