Outubro Rosa: conheça Rosimere, a professora que teve tumor de mama e resolveu lutar

Aos 52 anos de idade, Rosimere Terezinha Ferreira é professora no Núcleo de Educação Infantil Municipal Jardim Atlântico. Dedica-se a crianças de 4 meses a 1 ano e 3 meses de vida.

Foto: divulgação PMF

Foto: divulgação PMF

Já passou também pelos Neims Idalina Ochoa, Maria Nair, Maria Barreiros, Anna Spyrios Dimatos, Bem-te-vi e Celso Pamplona. Companheira de Márcio Aurélio, está na rede municipal de ensino de Florianópolis desde 2007.


Em setembro do ano de 2018, a rotina dela mudou radicalmente. Em um autoexame durante o banho, percebeu que a sua mama direita estava com um nódulo. Marcou urgentemente uma consulta com a médica Juliana Koerich Laureano.


A mastologista, especialista em patologias que atingem as mamas, requisitou um ultrassom, exame de diagnóstico por imagem. Também foi feita uma biópsia, que consiste na retirada de um pequeno nódulo suspeito.


Aos 47 anos de idade, para ouvir o resultado da análise laboratorial, Rosimere levou a professora Leticia, colega no Neim Bem-te-vi. Estava com câncer. Ficou assustada, chorou um pouco. A preocupação maior dela, contudo, era com a reação da filha Yasmin e dos pais, que são idosos.


Houve um desespero coletivo. "Lentamente, esse sentimento foi substituído por força e coragem por todos nós", relembra Rosimere.


Na tarde de 28 de novembro de 2018, uma quarta-feira, no Hospital Baía Sul, foi para a sala de cirurgia retirar o tumor e lá permaneceu por cinco horas. Com ela, ficou no hospital a amiga de infância Fabiana Conceição.


Em fevereiro de 2019 iniciou a quimioterapia por seis meses com uso de medicamentos. No total foram 16 sessões, todavia, já com a primeira aplicação os cabelos da professora começaram a cair. Foi ai que tomou a decisão de raspar a cabeça.



DOR NA ALMA


Quem cortou suas madeixas foi a cabeleireira dela, Vanessa, que fechou o salão especialmente para o ato. "Para ela e para mim foi bem difícil. Acho que foi mais difícil para a Vanessa, que sofreu mais. Ela tinha visto as várias fases do meu cabelo".


Juntos de Rosimere estavam os pais, José Manuel Ferreira e Terezinha Gonçalves, além da manicure Tayse. "Eu tive que me manter bem forte para acalmar quem estava me observando".


A cada mecha que ia por terra, a professora relata que sentia uma espécie de dor na alma. "O cabelo faz parte de ti. Saber que o cabelo está indo embora... que talvez você não fique tão bem careca... é triste".


Saiu do salão usando um lenço, de cor rosa.


Mais tarde, começou a aceitar o seu visual e passou a circular sem lenço. "As pessoas já tinham se acostumado com a minha situação. Até que um dia, eu abandonei o lenço".


A partir de setembro daquele ano fez 30 sessões de radioterapia, que consiste no uso de radiações para atacar as células doentes.



Rosimere ficou 1 ano e quatro meses afastada do ambiente da creche. Retornou no primeiro semestre de 2020, indo trabalhar no Neim Celso Pamplona. Logo em seguida, passou a fazer home-office como os demais funcionários da Prefeitura devido à pandemia da Covid.


Desde 2021, em regime de 40 horas, Rosimere está no Neim Jardim Atlântico cuidando de 18 crianças. Por 10 anos, tem que tomar tamoxífeno, medicamento padrão para o tumor mamário.


O que deixar como mensagem para quem está com câncer de mama?


"Temos duas opções quando nos deparamos com esse diagnóstico: cair o ou lutar. Eu optei pela luta, pois fui envolvida por uma corrente de amor da minha família e amigos que cultivei ao longo desse tempo que estou na educação. Lutar sempre, desistir jamais".