A pedido do Portal Norte da Ilha piscóloga comenta sobre solidariedade coletiva
Como anda sua saúde mental em meio ao Coronavirus? O medo de que a qualquer momento podemos contrair o vírus nos leva a ansiedade e ao pânico. A vida mudou seu rumo e isso acaba nos fragilizando. Cada pessoa está lidando com suas perdas individuais (cursos, casamentos, formaturas, festas...) e, por conseguinte, precisamos lidar com a perda coletiva. Saber que nosso corpo e mente são vulneráveis ao vírus nos coloca diante de algo que tememos que é morrer. Falar da morte sempre foi difícil e agora estamos doentes coletivamente.
Essa experiência é também geradora de sofrimento, sendo observado, o aumento do volume dessa demanda significativa no vivenciar e expressar essa dor, e que experimenta sensações e emoções até então desconhecidas e inconcebíveis.
Não dá para fecharmos os olhos para a situação tão delicada que estamos vivendo. Estamos todos inseridos em uma calamidade que requer muita atenção e cuidado.
É importante ficarmos alertas e contornarmos a situação com informações seguras. O que está acontecendo é algo grave, é uma pandemia, mas sabemos que isso vai passar. Teve um início e terá um fim.
Portanto, isolamento social se faz necessário para proteger a você, sua família, seus amigos, e toda a sociedade.
Precisamos viver o presente e contribuirmos com ele. Não podemos estabelecer guerras com o vírus e sim, lidarmos com ele. Quantas vezes dissemos que não temos tempo? Que tal utilizarmos esse momento para cuidarmos da casa, lermos um livro, assistir conteúdos que nos fazem pensar, escutar uma música, fazermos exercícios físicos, conversar com quem amamos pela internet? Hoje a tecnologia nos possibilita estarmos perto mesmo que distantes. Esse é um momento excelente para conhecermos coisas novas e depois, quando tudo se estabilizar, quando pudermos, compartilharmos com os amigos
Temos muito a aprender com tudo que estamos vivenciando. Hoje precisamos pensar no coletivo, a solidariedade se faz presente quando decido ficar em casa para não ser contaminado ou contaminar o outro.
Esses laços de solidariedade serão uma constante diária, permitindo, em parte, que o abalo sofrido por todos seja progressivamente reparado
Começamos a pensar no outro, mesmo que desconhecido, e começamos a refletir mais sobre a vida. Nesse momento não dá para pensarmos individualmente e concluímos que ao priorizar o outro em nossas vidas, estamos cuidando ao mesmo tempo também de nós.
Não esqueçam que a terapia também é um espaço para o auxílio na ressignificação do luto, na legitimação da dor e para uma escuta empática da perda conflituosa. O psicólogo pode proporcionar o acolhimento necessário a essa fase complexa da vida.
Monica Scultori
Psicóloga Clínica
CRP 12/19265