"Carlos Moisés tinha tudo para ser um grande governador, mas o poder o seduziu". Por Moacir Oliveira

"Carlos Moisés tinha tudo para ser um grande governador, mas o poder o seduziu". Por Moacir Oliveira

Com um discurso bem decorado e entusiasmado da tão sonhada "nova política", Carlos Moisés conquistou a ampla maioria do eleitorado e foi escolhido governador de Santa Catarina. Desbancou com uma surra de votos os figurões que se revezavam no cargo máximo do Estado, o famigerado grupo político desde Luiz Henrique da Silveira.



Surpreendeu nas urnas ao contrariar todas as pesquisas eleitorais, foi um tsunami que varreu as esperanças de poder da "velha política", claro impulsionado com a onda Bolsonaro.


Carlos Moisés logo começou a imprimir o seu jeito de governar e parecia estar no caminho certo. A sua mais importante ação administrativa foi corajosa e digna de aplausos, pela primeira vez um governador teve a coragem de acabar com as SDRs (Secretarias de Desenvolvimento Regionais), verdadeiros cabides de emprego que não serviam para nada, apenas para abrigar os apadrinhados políticos na teta do Estado.


Esta medida mostrava a faceta de um governador diferente. E foi além, Moisés também foi o responsável por colocar fim a sangria interminável de recursos públicos na Ponte Hercílio Luz, foi no seu mandato que a obra foi concluída e entregue. Também foi seu governo que determinou recuperação das pontes Colombo Sales e Pedro Ivo Campos.


Moisés foi se perdendo e o seu principal erro foi afastar-se da ideologia que o elegeu, governou de maneira unilateral e distanciou-se da linha Bolsonarista e seus aliados. Uma escolha que lhe rendeu o título de traidor.


Foi exatamente ao tentar ignorar o fator principal de sua ascensão política que Moisés cavou a própria sepultura. Mal assessorado e seduzido pelo poder passou a cometer erros crassos e a deixar rastros, que obviamente eram monitorados por seus desafetos.


Não demorou para surgirem os escândalos como a compra de carros de luxo para servidores da educação; contratação de leitos e hospitais de campanha superfaturados, reajuste salarial dos procuradores e o mais escabroso de todos: a compra de respiradores fantasmas.


Agora, afastado por 180 dias do governo e prestes a enfrentar logo outro impeachmant, dos respiradores, Moisés agoniza politicamente, espera um milagre para voltar ao governo para continuar a "nova política", que de verdade revelou-se tão velha e tão podre.